sábado, 14 de junho de 2014

Errar sempre

O verbo errar é transitivo direto, intransitivo ou transitivo indireto: errar por, vaguear.

Modernamente, por causa do futebol, ele tem uma nova preposição, errar "para alguém". Os juízes com frequência "erram para" algum time (e para si próprios, dizem). Os dicionários ainda não trazem, mas já podiam.

Essa construção seria útil pro conquistador empenhado em obter favores românticos da moça renitente, aquele bastião da virtude: "minha senhora, por ventura poderia eu sonhar que errasse para mim?"
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sábado, 7 de junho de 2014

E as duplas, Sílvio?

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Diz meu amigo Sílvio Ferraz que tem razões históricas, musicais.

Dessas eu não sei, só faço palpitar.

Mas encasqueto pra descobrir o porquê dos caipiras cantarem em duplas! Muitas vezes fica claro qual dos dois é o grande cantor, mas ele é curió que divide glória com tico-tico.

Será humildade, assombração do sexto pecado? ou a carência da mão do amigo-irmão pra espantar o medo dos olhos do público?

Essa gente do mato tem uns mistérios.

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(Clique - Pena branca e Xavantinho - na estrela e no fubá do Patativa do Assaré)

terça-feira, 3 de junho de 2014

Horário, mas de inverno

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Se alguém se preocupasse com quem acorda cedo, seria o contrário, a gente teria horário de inverno.
Até as 6 e tanto da matina o corpo se recusa a tudo. Tá frio ali depois da lã, os músculos não reagem. A cidade tá escura, e não aquele escuro divertido da noite, da hora dos bares, da cerveja, das novelas. Ta escuro das luzes de fora e de dentro. A mente de quem anda na madrugada está ainda na penumbra.
Se o olhar fosse pra quem acorda cedo, a gente agora atrasaria os ponteiros. Mas quem decide essas coisas acorda tarde.
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